O Ernesto morreu. Pra mim, é um absurdo essa ideia. O bridge é o Ernesto. O
bridge morreu. Não conheci nem uma pessoa que gostasse tanto do esporte.Pro
bridge ele praticamente só entregava. tomava conta d todo mundo. Com total
dedicação e carinho. Tirava muito pouquinho pra si, e sempre com um certo
constrangimento. Brigou comigo um minúsculo período de nossa convivência,
claro que por culpa minha, mas velejamos juntos por esse mar de tristezas e
alegrias da vida- muito mais alegrias- por quase 50 anos. É uma perda dura,
muito, muito dura. Mas a vida é isso. Uma contínua administração de perdas.
A única maneira de se sobreviver a essa hiato insuportável isso é lembrar
somente dos belos momentos, que pra mim, por sorte, assim foram os mais
recentes. Eramos com Cecilia e Leda, os únicos brasileiros na China em 2014.
Breakfast juntos todos os dias, e jantar quase todas as noites em que ele se
liberava. E vinho neles… Que bom que foi assim!
Bem, acho que agora temos que, todos, em homenagem a ele, nos unirmos, para
que contrariando a minha primeira explosão, não nos deixarmos órfãos, depois
de todos esses anos de árdua luta do nosso tão querido amigo.
Beijo, Ernesto! A Cecilia eu vou beijar com todo carinho, pessoalmente.
Gabriel Chagas
O protocolo recomenda o silêncio, o respeito e a contrição.
Há pessoas que merecem mais. A marca do que realizaram e o exemplo que proporcionaram exigem palavras de agradecimento, de reconhecimento e, principalmente, de louvor.
Ernesto D’Orsi é um desses homens.
Por tudo aquilo que fez pelos amigos, pelo Bridge, no Brasil e no mundo, merece de todos nós, nessa hora de tristeza, a aclamação e o aplauso.
Eu que tive o enorme privilégio de fruir de sua amizade, inteligência e generosidade posso assegurar o quanto ele é merecedor.
Marcelo C. Branco
“Sou bravo, sou forte,
sou filho do Rio de Janeiro,
meu canto de morte guerreiros ouvi!”
Nasci em Petrópolis, na Serra do Mar, aqui me formei e aqui me casei, há mais de meio século, com Maria Cecília, minha amada companheira de sempre, nos dias de sombras e de luzes. Sou carioca da gema, mas paulista de coração. Tive filhos, Cristiana, Paula, Sylvio e Germana, e netos, Júlia, Isabella e Carlo.
Sou Ernesto, engenheiro, empresário, e cidadão do mundo, mas acima de tudo, sou jogador de Bridge, paixão de toda uma vida.
Sou teimoso e conciliador, amigo fiel dos meus amigos, gosto de vinhos e de whisky, ouço a opinião dos outros, mas depois decido do meu jeito, não levanto a voz para discordar e quando brigo, não guardo ódio, nem ressentimento.
Sou um bridgista de respeito, muitas vezes campeão, mas não o suficiente para o meu gosto. Meu maior adversário, ainda que pareça um paradoxo, é o próprio Bridge. Eu devoto a ele tanto amor que esqueço de mim mesmo. Compareço a todos os torneios disputados pelo mundo, como jogador e como cartola. Não sou modesto; fui e sou dirigente de todas as associações do esporte que existem no planeta. As Américas, a Europa, o irmão do Norte, etc, podem perguntar em toda a parte, todos me conhecem.
Estimulo o Bridge no meu país como muito poucos o fizeram. Publiquei livro, patrocino jogadores de alto nível, professores e jovens iniciantes. Já disse, não sou modesto, sou um tremendo jogador, inteligente, competente, bom e generoso. Quem disser que não se apresente para ser desmascarado. Não temo o confronto, não temo o debate, não fujo do inimigo, mas também sei ceder. Alguns me criticam, acham que trilho caminhos errados para o benefício do Bridge, mas eu não ligo, vou em frente, e eles ficam pra trás.
Sou bravo, sou forte, sou filho do Rio de Janeiro, paulista de coração, engenheiro formado, construo catedrais do Bridge.
Um dia vou me reencontrar com minha filha Paula no céu.
>>Ernesto, nas palavras de Assis.<<
No dia 11/02/2015 o New York Times publicou o seguinte artigo, escrito por Phillip Alder, sobre o Ernesto D´Orsi.
Parte 1
Continuação
A mão e o leilão